Decadência sim, mas com elegância, por favor. De todo o meu passado, boas e más recordações. Nossos ídolos ainda são os mesmos, mas a aparência e a postura… envelheceram, e muito.
Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Mas já não somos tão jovens, nem crianças a ponto de saber tudo. Um dia, saímos daquela febre de juventude e já não temos dedos pra contar os problemas e frustrações. Instintivamente, passamos a ver o lado prático, mas eficaz. O capital também ganha seu valor, ou melhor, passamos a notá-lo com maior evidência. E meus bons amigos, onde estão?
Aqueles homens do bom e velho Rock’N’Roll que fizeram nossas cabeças há anos atrás são pessoas como nós. No começo, havia ideologia. Havia ímpeto. Havia sede de protesto e mudança. E mesmo pra falar de amor, falava-se com rebeldia. Porém, o tempo passa e nem tudo fica. A música envelhece. Começam a gravar Roberto Carlos, ou pior, passam a lançar discos da moda voltados para o público da mesma idade de quando a gente ouvia… Tentam fazer sucesso antes que isto seja tarde. Mas eles não percebem que antes faziam o que sentiam, e agora fazem papel de bobos. Contrato milionário, grana, fama e mulheres. A música não importa, o importante é a renda.
Além de assistir nossos antigos ídolos cantando bla bla blá, eu te amo no rádio, me preocupo com esta juventude carente de ideologia. Como é que vão crescer sem ter com quem se rebelar?
O lema agora é: Mim quer tocar, Mim gosta ganhar dinheiro, mesmo que seja fazendo acústico pra MTV e cantando com playback em programa de auditório.
Lobão – Decadence Avec Elegance, Radio Bla Blá
Ira! – Flores em Você
Belchior – Como Nossos Pais
Legião Urbana – Quando o Sol Bater…, Tempo perdido e Quase Sem Querer
Lulu Santos – Tudo Bem
Guilherme Arantes – O Lado Prático
Barão Vermelho – Meus Bons Amigos
Cazuza – Ideologia
Nenhum de Nós – Sobre o Tempo
Plebe Rude – Minha Renda
Ultraje a Rigor – Rebelde Sem Causa e Mim Quer Tocar