Seja na carreira ou na vida mesmo, nossa cultura nos ensina desde cedo algumas regras básicas para sobrevivência. Nasce com um “faça a sua parte”, um “não seja bobo” e um “não confie em ninguém”, mas logo evolui para algo como “o mundo é dos espertos”, “garanta sua parte, doa a quem doer” ou um “antes ele do que eu”.

É difícil afirmar se há dolo ou perversidade. Muitos acreditam agir com verdadeiro senso de justiça, talvez até busquem isso, quando na verdade estão apenas seguindo seus instintos. Deve ser da natureza humana. Talvez venha das lutas por um punhado de fogo, uma fração de terra ou um prato de comida. Como hoje o que parece ser realmente vital aos homens é o dinheiro, é por ele que se engalfinham. “Meu pirão primeiro”.

Eu sou humano, logo, sujeito a todos esses instintos. Tenho minhas ambições, pequenas ou grandes, mas a forma como prefiro buscar meus objetivos não passa, e pretendo que nunca passe por cima da cabeça de outras pessoas. Porque eu não gosto de atalhos. Não acredito neles. Acredito sim em trabalho, esforço próprio. Merecimento. Se algo me é negado, não importa com que motivação, o que vou fazer é arregaçar as mangas e investir em mim, em meu desenvolvimento pessoal, até que o meu valor seja, não apenas reconhecido, mas inequívoco. Porque isso me torna mais independente, e menos sujeito ao “mundo dos espertos”.

Se há quem prefira outro caminho, e esteja disposto a sobrepujar qualquer coisa por isso, vá em frente. Não tomará nada do que é meu, posto que não quero nada que não mereça de forma inequívoca. A única coisa que eu verdadeiramente não aceito é a hipócrita justiça dos mesquinhos. Aquela justiça dos que se fartam de pão, e com o bucho cheio oferecem as migalhas aos pobres. Para esses talvez eu seja um tolo. Mas quando reconheço um deles – e não é difícil – sei exatamente em quem não confiar. Essa lição eu aprendi.

anderson

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