Eu escrevi o post anterior sobre a relação professor-aluno e sobre bullying na última segunda, dia 4/4. A tragédia em Realengo, em que um maluco saiu atirando em crianças dentro de uma escola, aconteceu na quinta, dia 7/4. E desde o acontecimento, pelo menos duas pessoas me questionaram se eu fazia alguma relação das histórias.

Sou leigo completo em psicologia, antropologia, ou qualquer área correlata, mesmo assim resolvi fundamentar minha opinião por aqui.

Confesso que a princípio, não vi muita relação, embora desde que tomei conhecimento do caso eu tenha desconfiado fortemente que o assassino carregava em si fortes traumas escolares, especialmente com meninas, o que provavelmente explicaria a cruel seleção de gênero feita em todo seu gesto covarde. Somente hoje li relatos de ex-colegas de escola dele dizendo que o então menino Welington era alvo preferido de piadas, apelidos pejorativos, e se abalava principalmente quando era zoado pelas meninas.

Relacionar agora as experiências ruins do assassino com seus atos bárbaros ficou fácil, até pelas características do massacre. Certamente as escolhas feitas por Welington tem raízes em seus traumas de infância e adolescência. Mas não a ponto de justificar sua explosão de extrema violência. Muito menos é possível atribuir aos ex-colegas que o ofenderam qualquer parcela de culpa no que aconteceu. Ou teríamos muitos Welingtons por aí (e de fato existem outros, mas espero que nunca cheguem a tal extremo). A grande maioria, como eu disse no post anterior, acaba resolvendo seus problemas, suas crises de auto-estima e seu isolamento na própria escola. Ou passam por isso com suporte familiar, com boa educação, inserção social, ou simplesmente com a superação pessoal.

Não, ele não fez o que fez porque fora vítima de bullying. Ele o fez porque era louco! E uma pessoa só atinge tal nível de maluquice por uma conjunção de fatores, que passam sim por traumas infanto-juvenis, por ausência parental, má educação, preconceito físico e social, mas passa principalmente, provavelmente (e essa é a típica opinião leiga), pelo que chamam de psicopatia.

E aí, vale o que sempre digo: não procure razão, sentido ou lógica em meio à loucura.

Nota: embora eu procure sempre tratar aqui neste meu espaço de assuntos contemporâneos, temas ‘do momento’, costumo evitar assuntos em extrema evidência, densamente debatidos em toda parte, por julgar que não há muito diferente a dizer que não tenha sido dito por aí. Só trago o assunto quando julgo ter algo diferente para questionar, ou algum ponto-de-vista peculiar para mostrar. Neste caso apenas quis relacionar (ou responder à relação feita entre) o caso da semana e o texto anterior.

Porém, não me custa deixar algumas boas dicas de leitura sobre o assunto, em blogs e sites que leio por aí.

anderson

5 Responses to “Coisa de maluco”

  1. Andi, concordo com tudo dito e acrescento que o ser humano é um ser social.
    Com raríssimas exceções feitas pelo livre arbítrio, o ser humano isolado vira bicho.
    Aliás, fica pior q bicho… se informa, planeja, treina e executa.. sem pudores, sem medos, sem motivos.

  2. Anderson, ótima reflexão.
    Apenas gostaria de colocar que o matador não se enquadra como “psicopata”, mas sim como “psicótico”, conforme explicou na tv a renomada psiquiatra Ana Beatriz Barbosa da Silva. As diferenças entre estes dois tipos são significativas e importantes para o entendimento do caso.
    Abraço.
    Rogerio.

  3. Obrigado, colegas, pelos elogios e contribuições.

    Ismael, sei que muitos não concordam comigo, mas pra mim é aí uma religiosidade, ou mais do que isso, uma espiritualidade autêntica (longe do que ocorreu com esse rapaz) exerce importante papel.

    Rogerio,

    Obrigado, importante ressalva. Depois que li seu comentário ainda ouvi observações parecidas. Eu não sabia mas dei uma pesquisada na diferença das duas coisas, e se entendi direito, acho que o que eu queria dizer era realmente psicopatia. Mas, com frizei, era a opinião de um leigo. Se os psiquiatras entendem que trata-se de um caso de psicose, com certeza sabem mais do que eu. 🙂

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