Ontem recebi um comentário neste blog com um “convite”, que dizia o seguinte:

Bom dia.

Me chamo ***** e trabalho em uma agencia de Marketing na Espanha e gostaria que você participasse de uma campanha de publicidade no Brasil. Seu blog tem o perfil do que estou buscando. Se puder me responder te explico com detalhes do que se trata. Asseguro que isso não é um SPAM.

Abraços,

*****

Eu já imaginava mais ou menos do que poderia tratar-se, mas curioso que sou, claro que entrei em contato.

Abaixo a resposta recebida por e-mail, com os detalhes de como funciona o negócio.

Oi Anderson!

Obrigada por me responder. Vou explicar como seria a campanha e espero que aceite. Nosso cliente é do mercado de classificados online no Brasil. Seu trabalho, como comentei anteriormente, seria publicar um post com um conteúdo interessante, relacionanda com uma das temáticas que passerei, como moda, organizaçao de eventos, viagens, classificados, estudos, carros, compras, sapatos, trabalho, empregos… entre tantas outras possibilidades (seleciono a palavra-chave que mais de encaixa ao perfil de sua página), em troca de uma gratificação. Esta seria de 30 euros.

O post teria um mínimo de 300 palavras, sendo que em seu conteúdo apareça uma vez a palavra-chave e o link (que te enviarei caso aceite), não é permitido citar o nome do cliente (porque nosso trabalho não é fazer uma publicidade da marca), além de ser dofollow.

O pagamento é feito em sua conta Paypal.

Se está interessado, me confirme e te envío o resto da informação para poder começar a colaboração.

Adoraria contar contigo para esta e futuras campanhas. Espero a confirmação de sua parte.

Um abraço,

*****

(Nota: Se quiser entender o que é um DoFollow, pesquise sobre NoFollow, ou leia este link).

Veja, ela não estava me pedindo para fazer nada muito diferente do que já faço. Escrever um texto, do meu jeito, sobre um tema pertinente, e só precisaria ter lá no meio umas palavras-chave e um link… E ainda ganhar uns R$ 75,00 por isso! É bem possível que a maioria dos leitores sequer percebessem que seria um texto “encomendado”, a despeito do link.

Automaticamente me lembrei de uma reportagem recente da revista Galileu, “Há algo de podre no reino dos blogs de moda e beleza” (o título é fraco, eu sei, mas vale a leitura), e de como pode ser sutil a passagem de um blog pessoal para um blog comercial. E também antiético, ou sendo mais direto, canalhice com os leitores quando migramos de textos espontâneos para textos “de fachada”, por interesses vis, e sem deixar isso expresso e evidente.

Eu não critico o contato da agência comigo . É o trabalho deles. Agora, quando torna-se também o trabalho de um blogueiro, ele tem que deixar isso bem claro para seus leitores. Não vale disfarçar, ou vai cair na mesma vala da Nokia.

Respeitosamente, respondi que não me sentiria a vontade fazendo este tipo de trabalho. Este espaço continuará sendo de uso pessoal, não comercial, e satisfeito com a meia dúzia de amigos leitores. 🙂

anderson

4 Responses to “Como prostituir um blog – exemplo prático”

  1. Olá Ândi,

    Li e entendi o seu ponto de vista.
    A minha opinião sobre “publipost” é que não vejo problema algum em utilizar um espaço pessoal para fazer propaganda, DESDE QUE isso fique evidente para o leitor, porque propaganda disfarçada de dica, isso eu acho errado.

    A reportagem da revista Galileu que você cita, eu já tinha lido e inclusive não vi o assunto como novidade, pois sempre imaginei que rolava um “jabá” pra tanta babação de produtos que muitas vezes sabemos que nem são tão legais.

    Mas para MUITOS LEITORES (leitorAS principalmente) foi um choque de realidade saber que está sendo enganada por aquela blogueira famosa de rostinho bonitinho.

    Bom, há blogueiros e blogueiros e o leitor é quem precisa saber o que está realmente agregando valor a sua vida e o que é desperdício de tempo.

    Sobre o caso Nokia, já comentei no Facebook, foi um “tiro no pé” a estratégia.
    Para mim, era nítido que se tratava de um viral, cheguei a cogitar que era da casa noturna que o rapaz falava, depois pensei que fosse de telefonia (a Vivo). Mas muitos leitores não imaginavam que tinha propaganda por trás da “história romântica” e se comoveram com o caso, enviando mensagens de conforto ao moço e dando sugestões de locais onde a tal Fernanda poderia ser encontrada.

    Não acho que o leitor/consumidor seja burro, mas muitos são ingênuos e se envolvem facilmente nessas histórias e foram justamente eles que fizeram a reclamação ao Procon, pois se sentiram enganados.

    É como costumo dizer, na internet há muita coisa bacana, mas há também muito talento desperdiçado.

    Hasta!!!

    • Valeu pela visita e opinião abalizada, Fran! 🙂

      É isso. É lícito desde que esteja claro pra todo mundo. E acredito que muitos leitores não tem tanta malícia para identificar quando algo é falso, dissimulado. E a culpa não é deles. Por isso é preciso ser objetivo. 🙂

      Bjs

  2. Tem bastante oferta ‘tipo assim’ dos sites de freelas. Mas 300 palavras não são 300 caracteres e o valor fica bem aquém do que deveria para um texto encomendado… mas enfim, gosto de saber que aqui você sempre estará sendo você mesmo. 😉

    Beijão

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