Hoje eclodiu na web forte polêmica sobre a autorização do Ministério da Cultura para um projeto de Maria Bethania, que pretende captar até 1,3 milhões para a criação e produção de um site onde recitaria poesias.

Mas como assim, o governo vai dar 1,3 mi pra cabeleira ler poesia na frente da Webcam? Eu faria isso no WordPress com menos de mil, isso para incluir no valor o preço de uma webcam e uma assinatura anual de banda larga!

Foi mais ou menos assim que o assunto chegou até mim. Mas calma, vamos entender melhor.

O projeto pretende captar recursos através da Lei Rouanet, que concede incentivos fiscais aos colaboradores de projetos culturais que se enquadrem no programa. Para que seja aprovado pelo Ministério da Cultura, o projeto precisa cumprir critérios estabelecidos pelo programa. E isso é feito pra Bethania, pra filmes da Xuxa e do Didi, pros grupos de teatro da sua cidade, e etc. Ou seja, gosto pessoal não é critério.

A Lei Rouanet

A Lei nº. 8.313 de 1991, mais conhecida como Lei Rouanet, instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), que canaliza recursos para o desenvolvimento do setor cultural, com as finalidades de: estimular a produção, a distribuição e o acesso aos produtos culturais (CDs, DVDs, espetáculos musicais, teatrais, de dança, filmes e outras produções na área Audiovisual, exposições, livros nas áreas de Ciências Humanas, Artes, jornais, revistas, cursos e oficinas na área cultural, etc); proteger e conservar o patrimônio histórico e artístico; estimular a difusão da cultura brasileira e a diversidade regional e étnico-cultural, entre outras.

Texto retirado do site do Ministério da Cultura. Leia mais…

Ora, se a Bethania e sua turma cumpriram as exigências, não há porque o governo negar. Mas isso também não quer dizer que eles vão conseguir captar todo esse recurso. Para isso, antes, terão que convencer gente maluca o suficiente para patrocinar tal idéia com os valores que desejam. O que pode ser menos difícil agora que o país todo tem conhecimento do assunto que chegou ao topo dos Trending Topics do Twitter, e provavelmente muita gente irá querer conferir o trabalho depois.

Me excluam dessa!

Nota Importante!

Se você cogitar a hipótese de bancar o mecenas de um blog, por favor, entre em contato. Este aqui também aceita doações e patrocínios. Não posso oferecer os incentivos fiscais da Bethania, mas prometo conteúdo mais legal que o dela. Obrigado!

anderson

6 Responses to “Eu, Bethania e Rouanet”

  1. IMAGINA quantas voltas ao mundo eu não daria com essa grana? Esse assunto foi muito engraçado e tomou grandes proporções no twitter. Vi todo tipo de gente se desentendendo e cada um defendendo sua crença sem ao menos se dar ao trabalho de entender o projeto. Enfim, ri demais.
    Divulguei seu texto pra ver se o povo abre a cabeça, mas creio que não acontecerá, mas fica a dica!

    :*

    • Haha! Desenvolve um projeto cultural “Raphanomundo em 80 dias”. Quem sabe passa!

      Olha, se ela conseguir metade dessa grana, vamos combinar, MERECE! Tem que ser muito criativo pra convencer a investirem meio milhão num blog desses!

      E valeu por divulgar! 🙂

  2. No meu entendimento, a coisa não difere muito de como chegou a você. Salvo engano, dar liberação para captação de recursos significa abrir mão da arrecadação com impostos mais tarde. Ou seja, a empresa paga pelo projeto cultural e abate do que deve ao Governo. Então é dinheiro saindo dos cofres públicos, sim.

    Existem projetos mil que se inscrevem na Lei Rouanet e poucos recebem a chance de partir para captação. E estamos falando de orçamentos bem mais modestos, para gente que realmente precisa desse incentivo do Governo.

    A Lei de Incentivo à Cultura favorece projetos que não precisariam dela – vide diversos filmes produzidos pela Globo Filmes, por exemplo.

    O ganho cultural de leitura de poesias selecionadas em vídeo não vale quase dois milhões de reais. Pouco importa quem irá produzir, maquiar ou escolher a roupa da Bethânia. Não vale. E só passou por se tratar de uma artista consagrada fazendo coisas que eu faço de graça em casa.

    Abraços alvinegros.

    • Então, entramos nesse debate ontem no Twitter, e eu até entendo. Talvez até concorde (precisaria me aprofundar mais no assunto pra cravar, pois precisaria levar em conta também a abrangência de cada um). Só que aí já é outra discussão.

      A coisa, como chegou pra mim, ainda que seja quase verdade a forma como postei aqui, tinha outra conotação.

      Acho que essa polêmica toda gerou o debate, e deveriam aproveitar agora para rever as prioridades desse programa. E os artistas mais renomados deveriam refletir um pouco sobre suas reais necessidades de incentivos fiscais. Mas, né… Não vai acontecer, infelizmente.

    • Agora, é sério, se conseguirem esse recurso é por causa da polêmica. Ou porque já tinha algum esquemão com alguma empresa “amiga”. Porque não consigo imaginar investidores realmente bancando tal projeto em valores muito altos. Sei lá né…

  3. O que me deixa de CARA e que e um blog! Uma turne gera renda e empregos, mas um blog?? Se o primeiro nao passou (com um valor comparavel – ou nao, guardadas as proporcoes), como e que esse passa? Minha linha de pensamento foi bem como a Larissa falou, e se e pra incentivar a cultura fiscalmente, outros milhares de artistas estao na fila. Vamo distribuir esse dinheiro, ne??

    Andy, adorei seu texto. Foi sucinto e expressivo. Eu estava por fora desse acontecimento e agora me pego, mais uma vez, rindo desse pais “maravilhoso” que e o Brasil.

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