Ouvi por muitos anos, quando era mais moleque de tudo, que eu “prendia” muito meus sentimentos, guardava muita coisa. Deveria me abrir mais, ou aquilo poderia me sufocar, além de não ajudar em nada.

Não sei se foi por influência das pessoas que me diziam isso – e me lembro claramente de um caso, que não vem ao caso – ou se pelas experiências que vivi dessa época em diante, mas acabei mudando este comportamento. E, pelo menos para algumas coisas, passei a ser extremamente declarado, aberto. Não economizava os sentimentos, transpirava-os.

Hoje, fazendo um looking back of my life, chego a triste conclusão de que boa parte das minhas más lembranças, das minhas decepções e arrependimentos, deve-se a essa mudança de postura.

Talvez os autores de livros de auto-ajuda fiquem bravos comigo, mas hoje, se me perguntassem sobre o assunto, eu provavelmente diria que, não, não vale a pena abrir-se tanto. As pessoas não estão preparadas para isso. Ou talvez tenham gosto pelo mistério. E, no fim, por mais que possam existir pessoas altruístas, que fazem o bem pelo bem, que exercem o querer-bem gratuitamente, no fundo a grande maioria espera mesmo é um pouco de feedback. Entrega-se na esperança de ter algo de volta. Então, se não for para ter nada, não vale a pena a entrega. É frustração certa. A menos que você seja um ser evoluído suficiente para isso. Eu confesso que não sou – embora tenha me enganado sobre isso esse tempo todo.

E, sendo ainda um pouco mais descrente da nossa espécie, penso que talvez as pessoas só insistam tanto para que nos abramos para satisfazer a própria curiosidade. Ou talvez também estejam se enganando. Ou posso estar me enganando sobre ter me enganado. Vai saber…

No fim, o que importa é seguir a própria natureza, agir conforme ela. Porque se não comandamos nosso sentimentos, se não podemos mudá-los, também não podemos alterar quem somos. Mas ainda podemos decidir o que fazer diante disso.

anderson

4 Responses to “Looking back”

  1. Essa coisa de dar sem querer nada em troca definitivamente não me ‘pesca’. Entendo que TODO tipo de relacionamento deve se caracterizar por uma troca. A coisa tem que fluir, mesmo que as vias não tenham a mesma intensidade…

  2. Passei/passo o mesmo problema que você e acho que equilíbrio é a chave da questão. Não ser tão fechado nem escancarado, o lance é encontrar o ponto médio. E a busca pelo ponto médio também é uma dor de cabeça.

    • É verdade. Mas talvez o único segredo seja a praticidade. Abrir-se quando for necessário, realmente necessário. E absorver rapidamente o resultado disso. Sem choro nem vela. Literalmente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *